A.W. PINK Deus

O Domínio Divino

07:07Leivison Barros




O Domínio Divino

Pode-se definir a soberania de Deus como o exercício de Sua supremacia, estudada no capítulo  anterior.  Sendo infinitamente elevado acima da mais elevada criatura, Ele é o Altíssimo, o Senhor dos céus e da terra. Não sujeito a ninguém, não influenciado por nada, absolutamente independente:
Deus age como Lhe apraz, somente como Lhe apraz, sempre como Lhe apraz. Ninguém con­segue frustrá-lo nem impedi-Lo. Assim, Sua Palavra declara ex­pressamente: "... o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade (Isaías 46:10). "... segundo a sua vontade ele ope­ra com o exército do céu e os moradores da terra: não há quem possa estorvar a sua mão..." (Daniel 4:35). O sentido da sobe­rania divina é que Deus é Deus de fato, bem como o é de nome, que Ele ocupa o trono do universo dirigindo todas as coisas, fazendo todas as coisas "... segundo o conselho da sua vontade" (Efésios 1:11).

Acertadamente disse o senhor Spurgeon em seu sermão sobre Mateus 20:15; "Não há atributo mais consolador para os Seus filhos do que o da soberania de Deus, Sob as circunstâncias mais adversas, em meio às mais duras provações, eles crêem que Deus na Sua soberania ordenou as suas aflições, que Ele as dirige soberanamente, e que na Sua soberania santificará todas elas? Para os filhos de Deus não deveria haver nada por que lutar mais zelosamente do que a doutrina de que o seu Senhor domina toda a criação — do reinado de Deus sobre todas as obras de Suas mãos — do trono de Deus e Seu direito de ocupar esse trono. Por outro lado, não há doutrina mais odiada pelos mundanos, nenhuma verdade de que tenham feito joguete a tal ponto como a grandiosa, estupenda, porém certíssima doutrina da soberania do infinito Jeová.

Os homens se dispõem a permitir que Deus esteja em toda parte, menos no Seu trono. Dispõem-se a deixá-lo em Sua oficina formando mundos e criando estrelas. Deixarão que esteja em Seu dispensário a distribuir esmolas e a conceder be­nefícios. Permitirão que fique sustentando a terra e mantendo firmes as suas colunas, que acenda os luzeiros do céu e governe as irrequietas ondas do oceano; mas quando Deus sobe ao Seu trono. Suas criaturas rangem os dentes, e quando nós proclamamos um Deus entronizado, e Seu direito de fazer o que quiser com o que lhe pertence, como também de dispor de Suas criaturas como Ele achar melhor, sem consultá-las sobre a questão, então os homens nos vaiam, nos amaldiçoam e se fazem de surdos para não nos ouvir, porquanto Deus no Seu trono não é o Deus que eles amam. Mas é Deus no Seu trono que muito nos agrada pregar. É em Deus no Seu trono que confiamos".

Tudo que o Senhor quis, ele o fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos' (Salmo 135:6). Sim, dileto leitor, tal é o imperial Potentado revelado nas Escrituras Sagradas. Sem rival em majestade, ilimitado em poder, imune de tudo quanto Lhe é alheio. Mas estamos vivendo dias em que até mesmo os mais "ortodoxos" parecem ter medo de admitir em termos pró­prios a deidade de Deus. Dizem que acentuar a soberania de Deus exclui a responsabilidade humana quando, na verdade, a responsabilidade humana baseia-se na soberania divina e desta é  resultado.

"Mas o nosso Deus está nos céus: faz tudo o que lhe apraz" (Salmo 115:3). Ele escolheu soberanamente colocar cada uma de Suas criaturas na condição que pareceu bem aos seus olhos. Deus criou anjos: a alguns, colocou num estado condicional; a outros, deu uma posição imutável diante dEle (I Timóteo 5:21), estabe­lecendo Cristo como sua cabeça (Colossenses 2:10). Não passemos por alto o fato de que tanto os anjos que pecaram (2 Pedro 2:5) como os que não pecaram, eram Suas criaturas. Contudo, Deus previu que aqueles cairiam; não obstante, colocou-os num estado condicional, próprio das criaturas mutáveis, e permitiu que caíssem, embora não sendo o Autor do pecado deles.

Assim também Deus colocou soberanamente Adão no jardim do Éden num estado condicional, ainda mais, o Senhor Deus colocou soberanamente Israel numa posição condicional.

Mais um exemplo do exercício da absoluta soberania de Deus. Deus colocou os Seus eleitos num estado diferente do de Adão ou Israel. Colocou-os num estado incondicional. No pacto eterno Cristo foi designado a Cabeça deles, levou sobre Si as suas responsabilidades e cumpriu por eles uma justiça perfeita, irre­vogável e eterna. Cristo foi colocado num estado condicional, pois Ele estava "debaixo da lei, para ganhar os que estavam debaixo da lei", só que com esta diferença infinita: os outros falharam: Ele não falhou e não podia falhar. E quem foi que colocou Cristo naquele estado condicional? O Trino Deus. A vontade soberana O designou, o amor soberano O enviou, e a autoridade soberana determinou a Sua obra.

Eis aí, pois, a soberania de Deus exposta abertamente diante de todos nas diferentes formas pelas quais Ele se relaciona com as Suas criaturas. Alguns dos anjos, Adão e Israel foram coloca­dos numa posição condicional, na qual a continuidade da bênção dependia da sua obediência e fidelidade a Deus. Porém, em mar­cante contraste com  eles,  o  "pequeno  rebanho"   (Lucas   12:32) recebeu uma posição incondicional e imutável no pacto de Deus. nos Seus conselhos e em Seu Filho; a bênção dele depende do que Cristo fez por ele, "... o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: o Senhor conhece os que são seus..." (2 Timó­teo 2:19), O fundamento sobre o qual estão os eleitos de Deus é perfeito; nada se lhe pode acrescentar, e nada se lhe pode tirar (Eclesiastes 3:14). Eis aqui, pois, a maior e mais elevada demons­tração da absoluta soberania de Deus. Verdadeiramente, Ele "... compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer" (Ro­manos 9:18).

A.W.PINK
Seu humilde Teólogo,
Leivison Barros S.

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