condenação Deus

JUDAS - TRÊS EXEMPLOS DE JUÍZO NO A.T

14:04Leivison Barros




JUDAS
Comentário Expositivo

Tema: “ TRÊS EXEMPLOS DE JUÍZO NO A.T ”

Texto: “ Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram;
E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;
Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.

Judas 1:5-7

Introdução

Dando continuidade ao estudo em Judas. Aprenderemos que a fé é uma ferramenta essencial para a nossa salvação, o povo que foi tirado do Egito não ganhou passaporte garantido para Canaã, a falta de fé deste povo o levou a destruição, e apenas aqueles que creram em DEUS permaneceram vivos. Veremos que até mesmo os seres celestes foram condenados por se rebelarem contra o altíssimo. Vamos lá!

Versículo 5

Quero, pois, recordar-vos, que sabeis de tudo de uma vez por todas. Ao pesquisarmos o verbete “recordar”, qualquer concordância nos mostrará a importância que o “lembrar-se” tinha já no AT. A razão disso é a revelação de Deus em feitos históricos. É deles que vive a fé. Por isso ela precisa recordar-se constantemente desses feitos, para tornar a esperar tais realizações segundo as promessas de Deus.


Por isso encontramos “recordar” e “lembrar” também no NT. Na instrução apostólica trata-se muitas vezes de uma recordação de coisas há muito aprendidas e sabidas. Tal recordar é importante e necessário, porque coisas conhecidas e familiares facilmente perdem a influência sobre nós e deixam de ter importância em nosso íntimo. Membros da igreja, à qual Judas escreve, sabem tudo de uma vez por todas, naturalmente não no sentido de quaisquer tipos de conhecimentos gerais, mas o conhecimento de tudo que é essencial na proclamação veterotestamentária e apostólica.

Entretanto, o que está em jogo é que agora apliquem seu conhecimento em uma situação singular, na luta contra tendências e pessoas desencaminhadoras, usando-o como arma. Por essa razão, como consta textualmente, Judas “quer” que “eles se lembrem”, para que tudo o que é sabido volte a influenciar a atualidade. É do conhecimento bíblico que devem se lembrar. Propõe-lhes três histórias bíblicas, nas quais se torna explícita toda a seriedade de Deus.

Trata-se de sua seriedade diante daqueles que haviam sido ricamente presenteados e agraciados por ele, mas que “perverteram” essa graça e por isso se tornaram alvos de juízo. Não ajuda os desencaminhadores que, afinal, também eram “cristãos”, viviam na igreja dos santos e experimentaram a graça de Deus. Pelo contrário, precisamente isso tornou sua responsabilidade muito maior e sua culpa muito mais grave. O primeiro exemplo disso é nitidamente bíblico e encontra-se em Nm 14. 20-25.

E disse o Senhor: Conforme à tua palavra lhe perdoei.
Porém, tão certamente como eu vivo, e como a glória do Senhor encherá toda a terra,
E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz,
Não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que me provocaram a verá.
Números 14:20-23

Os destinatários da carta “sabem” que o Senhor certamente resgatou o (seu) povo do Egito, mas então aniquilou aqueles que não creram. Ou seja, mesmo aqueles que experimentaram o ato salvador fundamental de Deus na antiga aliança, a libertação do Egito, ainda podem perecer no juízo, sem chegar à terra prometida. É a esse ponto que chega a seriedade de Deus.
A fé está sempre em jogo. A recordação do acontecido naquele tempo devia estimular a igreja a, com empenho máximo, “lutar pela fé” e apegarse à “fé que lhes foi transmitida” (v. 3). 

Versículo 6

Segue-se um segundo exemplo: E anjos, que não conservaram sua esfera de domínio, mas abandonaram seu próprio domicílio, ele os mantém guardados com correntes eternas sob trevas para o juízo do grande dia. Isso tem um fundamento bíblico na breve narrativa de Gn 6.1-4. Obviamente não depreenderíamos sem mais nem menos dessa passagem da Bíblia aquilo que Judas afirma. Judas a entende segundo determinada interpretação, conhecida a partir do chamado “livro de Enoque” ( Apócrifo de Enoque ).

 Havia no judaísmo daquela época grande número de escritos edificantes, que se baseavam em personagens ou eventos bíblicos para, a partir deles, desenvolver determinados pensamentos religiosos. Não deve ser nenhuma surpresa que tais escritos fossem lidos com simpatia, sendo acolhidos em todo o modo de pensar do judaísmo. Afinal, nós tampouco lemos somente a Bíblia em si, mas possuímos uma extensa “literatura de edificação”.

Em todo caso, naquela época fazia parte da erudição oficial nas Escrituras interpretar significativamente frases e palavras do AT. Passagens obscuras, alusões breves e enigmáticas, prestavam-se particularmente a isso. Foi assim que Judas também enfocou a passagem de Gn 6.1-4 sob a luz da conhecida interpretação do livro de Enoque. Segundo ela, os “filhos de deuses” em Gn 6 são anjos. 

São entes particularmente agraciados que têm domicílio no mundo celestial e aos quais é confiada uma esfera de domínio. Mas também “anjos” podem cair, por mais alta que tenha sido sua posição diante de Deus. Esses anjos, portanto, não conservaram sua esfera de domínio e abandonaram seu próprio domicílio. Por quê? A partir do v. 7 a resposta inevitável é: “Entregaram-se à prostituição” e “correram atrás de carne alheia”. Isso é atestado pela própria Escritura em Gn 6.2. ( Amado leitor, sinto-me obrigado em deixar claro, que acredito na suficiência da bíblia, o livro mencionado é o Apócrifo de Enoque, livro conceituado na literatura hebraica/judaica mas de inspiração duvidosa, entretanto não estou excluindo o fato de que existem textos bíblicos que citam este livro e estes são de inspiração veraz. Mas deixo claro que não concordo  com a interpretação rabínica que acredita que anjos ( seres celestes ) se relacionaram com mulheres ( seres carnais ). )
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Contudo, enquanto essa passagem bíblica usa apenas alusões genéricas para falar a respeito de um juízo contra as pessoas daqueles dias, Judas menciona algo sobre a gravidade das medidas de Deus contra os anjos culpados, algo que a própria Bíblia não relata. De qualquer modo eles não conservaram o que lhes havia sido confiado pela graça de Deus, mas buscaram sua “liberdade”. Agora são guardados para isso, a saber, para o juízo do grande dia. Sua sorte corresponde à dos cristãos renegados, conforme Hb 10.26s

Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,
Hebreus 10:26 ”.

A sentença final e definitiva será pronunciada por Deus somente no “grande dia”, mas uma severa punição já teve início. Já agora esses anjos, que habitavam as alturas do diáfano céu, encontram-se em correntes eternas, “sob trevas” ou embaixo nas trevas. Novamente Judas deseja alertar: tão santo é Deus que nenhuma demonstração de sua graça nos protegerá contra seu juízo quando “pervertermos” essa graça “em devassidão”. A igreja jamais poderá relevar o pecado que ocorre em seu seio alegando graça de Deus.   

Versículo 7

O terceiro exemplo, que a igreja evidentemente conhece, mas tem de considerar novamente, é Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas (Gn 18:16-19-23). Obviamente a Bíblia não relata uma “clemência” especial para essas cidades por parte de Deus, e por isso tampouco é mencionada aqui. Mas poderíamos encontrá-la em Gn 13.10, assim como no fato de que, afinal, vivia em seu meio um homem que conhecia o Deus vivo.

Os pecados de Sodoma tornaram-se proverbiais. Trata-se de uma prostituição particularmente terrível: os homens de Sodoma corriam atrás de carne alheia, conforme é descrito em Gn 19.5-14 e que ainda hoje é chamada de “sodomia”. Agora jazem como exemplo. Todo olhar sobre o estranho Mar Morto fazia lembrar a ruína de Sodoma e Gomorra por meio de fogo e enxofre caídos do céu.

A Bíblia na realidade fala somente do fogo histórico de então que destruiu as cidades. Mas “fogo do céu”, fogo de Deus é simultaneamente fogo eterno, sofrido por essas cidades como castigo. Logo não se trata apenas de uma história sobejamente conhecida de tempos antigos, mas de um exemplo que a igreja de hoje deve ter diante de si ao correr o risco de ser desencaminhada.

Na doutrina e prática da nova tendência evidentemente a “liberdade” sexual tinha grande relevância. Na medida em que se tratava de pessoas gregas, era possível que até mesmo o erotismo homossexual, amplamente difundido no helenismo, tenha sido considerado inofensivo e incluído nessa “liberdade”. A igreja, porém, não deve se deixar enganar. Qualquer prostituição, e especialmente correr atrás de carne alheia traz inevitavelmente o castigo do fogo eterno sobre os culpados.

Conclusão

Confiemos em Deus, se de fato foi Ele quem prometeu, saiba, Ele é fiel para cumprir, Ele é o imutável, Aquele que não muda jamais. Não permita que o veneno da incredulidade nos contamine, pois se assim for, o juízo do Eterno será sobre nós, assim como foi sobre aqueles que não creram no deserto, assim como aqueles que consumiam pecados em Sodoma e Gomorra e assim como será para os Anjos rebeldes.

FONTE
Werner de Boor

Seu humilde teólogo
Leivison Barros S.

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