Comentário Expositivo
Tema: “ TRÊS EXEMPLOS DE JUÍZO NO
A.T ”
Texto: “ Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma
vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do
Egito, destruiu depois os que não creram;
E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;
Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.
Judas 1:5-7 ”
E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;
Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.
Judas 1:5-7 ”
Introdução
Dando continuidade ao estudo em Judas. Aprenderemos que a fé é uma
ferramenta essencial para a nossa salvação, o povo que foi tirado do Egito não
ganhou passaporte garantido para Canaã, a falta de fé deste povo o levou a
destruição, e apenas aqueles que creram em DEUS permaneceram vivos. Veremos que
até mesmo os seres celestes foram condenados por se rebelarem contra o altíssimo.
Vamos lá!
Versículo 5
Quero, pois, recordar-vos, que sabeis de tudo
de uma vez por todas. Ao pesquisarmos
o verbete “recordar”, qualquer
concordância nos mostrará a importância que o “lembrar-se” tinha já no AT. A razão disso é a revelação de Deus em
feitos históricos. É deles que vive a fé. Por isso ela precisa recordar-se
constantemente desses feitos, para tornar a esperar tais realizações segundo as
promessas de Deus.
Por isso encontramos “recordar” e “lembrar” também no NT. Na instrução apostólica trata-se muitas
vezes de uma recordação de coisas há muito aprendidas e sabidas. Tal recordar é
importante e necessário, porque coisas conhecidas e familiares facilmente
perdem a influência sobre nós e deixam de ter importância em nosso íntimo.
Membros da igreja, à qual Judas escreve, sabem tudo de uma vez por todas,
naturalmente não no sentido de quaisquer tipos de conhecimentos gerais, mas o
conhecimento de tudo que é essencial na proclamação veterotestamentária e
apostólica.
Entretanto, o que está em jogo é
que agora apliquem seu conhecimento em uma situação singular, na luta contra
tendências e pessoas desencaminhadoras, usando-o como arma. Por essa razão,
como consta textualmente, Judas “quer” que “eles se lembrem”, para que tudo o que é sabido volte a influenciar
a atualidade. É do conhecimento bíblico que devem se lembrar. Propõe-lhes três
histórias bíblicas, nas quais se torna explícita toda a seriedade de Deus.
Trata-se de sua seriedade diante
daqueles que haviam sido ricamente presenteados e agraciados por ele, mas que “perverteram”
essa graça e por isso se tornaram alvos de juízo. Não ajuda os
desencaminhadores que, afinal, também eram “cristãos”, viviam na igreja dos
santos e experimentaram a graça de Deus. Pelo contrário, precisamente isso
tornou sua responsabilidade muito maior e sua culpa muito mais grave. O
primeiro exemplo disso é nitidamente bíblico e encontra-se em Nm 14. 20-25.
“ E disse o Senhor: Conforme à tua palavra
lhe perdoei.
Porém, tão certamente como eu vivo, e como a glória do Senhor encherá toda a terra,
E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz,
Não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que me provocaram a verá.
Números 14:20-23 ”
Porém, tão certamente como eu vivo, e como a glória do Senhor encherá toda a terra,
E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz,
Não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que me provocaram a verá.
Números 14:20-23 ”
Os destinatários da carta “sabem” que o Senhor
certamente resgatou o (seu) povo do Egito, mas então aniquilou aqueles que não
creram. Ou seja, mesmo aqueles que experimentaram o ato salvador fundamental de
Deus na antiga aliança, a libertação do Egito, ainda podem perecer no juízo,
sem chegar à terra prometida. É a esse ponto que chega a seriedade de Deus.
A fé está sempre em jogo. A
recordação do acontecido naquele tempo devia estimular a igreja a, com empenho
máximo, “lutar pela fé” e apegarse à “fé
que lhes foi transmitida” (v. 3).
Versículo 6
Segue-se um segundo exemplo: E anjos, que não conservaram sua esfera de
domínio, mas abandonaram seu próprio domicílio, ele os mantém guardados com
correntes eternas sob trevas para o juízo do grande dia. Isso tem um
fundamento bíblico na breve narrativa de Gn 6.1-4. Obviamente não
depreenderíamos sem mais nem menos dessa passagem da Bíblia aquilo que Judas
afirma. Judas a entende segundo determinada interpretação, conhecida a partir
do chamado “livro de Enoque” ( Apócrifo
de Enoque ).
Havia no judaísmo daquela época grande número de escritos
edificantes, que se baseavam em personagens ou eventos bíblicos para, a partir
deles, desenvolver determinados pensamentos religiosos. Não deve ser nenhuma
surpresa que tais escritos fossem lidos com simpatia, sendo acolhidos em todo o
modo de pensar do judaísmo. Afinal, nós tampouco lemos somente a Bíblia em si,
mas possuímos uma extensa “literatura de edificação”.
Em todo caso, naquela época fazia
parte da erudição oficial nas Escrituras interpretar significativamente frases
e palavras do AT. Passagens obscuras, alusões breves e enigmáticas,
prestavam-se particularmente a isso. Foi assim que Judas também enfocou a
passagem de Gn 6.1-4 sob a luz da conhecida interpretação do livro de Enoque.
Segundo ela, os “filhos de deuses” em Gn 6 são anjos.
São entes particularmente
agraciados que têm domicílio no mundo celestial e aos quais é confiada uma
esfera de domínio. Mas também “anjos” podem cair, por mais alta que tenha sido
sua posição diante de Deus. Esses anjos, portanto, não conservaram sua esfera
de domínio e abandonaram seu próprio domicílio. Por quê? A partir do v. 7 a
resposta inevitável é: “Entregaram-se à prostituição” e “correram atrás de
carne alheia”. Isso é atestado pela própria Escritura em Gn 6.2. ( Amado
leitor, sinto-me obrigado em deixar claro, que acredito na suficiência da
bíblia, o livro mencionado é o Apócrifo de Enoque, livro conceituado na
literatura hebraica/judaica mas de inspiração duvidosa, entretanto não estou
excluindo o fato de que existem textos bíblicos que citam este livro e estes
são de inspiração veraz. Mas deixo claro que não concordo com a interpretação rabínica que acredita que
anjos ( seres celestes ) se relacionaram com mulheres ( seres carnais ). )
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Contudo, enquanto essa passagem
bíblica usa apenas alusões genéricas para falar a respeito de um juízo contra
as pessoas daqueles dias, Judas menciona algo sobre a gravidade das medidas de
Deus contra os anjos culpados, algo que a própria Bíblia não relata. De
qualquer modo eles não conservaram o que lhes havia sido confiado pela graça de
Deus, mas buscaram sua “liberdade”. Agora são guardados para isso, a saber,
para o juízo do grande dia. Sua sorte corresponde à dos cristãos renegados,
conforme Hb 10.26s
“ Porque, se pecarmos voluntariamente,
depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais
sacrifício pelos pecados,
Hebreus 10:26 ”.
Hebreus 10:26 ”.
A sentença final
e definitiva será pronunciada por Deus somente no “grande dia”, mas uma severa
punição já teve início. Já agora esses anjos, que habitavam as alturas do
diáfano céu, encontram-se em correntes eternas, “sob trevas” ou embaixo nas
trevas. Novamente Judas deseja alertar: tão santo é Deus que nenhuma
demonstração de sua graça nos protegerá contra seu juízo quando “pervertermos”
essa graça “em devassidão”. A igreja jamais poderá relevar o pecado que ocorre
em seu seio alegando graça de Deus.
Versículo 7
O terceiro
exemplo, que a igreja evidentemente conhece, mas tem de considerar novamente, é
Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas (Gn 18:16-19-23). Obviamente a
Bíblia não relata uma “clemência” especial para essas cidades por parte de
Deus, e por isso tampouco é mencionada aqui. Mas poderíamos encontrá-la em Gn
13.10, assim como no fato de que, afinal, vivia em seu meio um homem que
conhecia o Deus vivo.
Os pecados de
Sodoma tornaram-se proverbiais. Trata-se de uma prostituição particularmente
terrível: os homens de Sodoma corriam atrás de carne alheia, conforme é
descrito em Gn 19.5-14 e que ainda hoje é chamada de “sodomia”. Agora jazem
como exemplo. Todo olhar sobre o estranho Mar Morto fazia lembrar a ruína de
Sodoma e Gomorra por meio de fogo e enxofre caídos do céu.
A Bíblia na
realidade fala somente do fogo histórico de então que destruiu as cidades. Mas “fogo do céu”,
fogo de Deus é simultaneamente fogo eterno, sofrido por essas cidades como
castigo. Logo não se trata apenas de uma história sobejamente conhecida
de tempos antigos, mas de um exemplo que a igreja de hoje deve ter diante de si
ao correr o risco de ser desencaminhada.
Na doutrina e
prática da nova tendência evidentemente a “liberdade” sexual tinha grande
relevância. Na medida em que se tratava de pessoas gregas, era possível que até
mesmo o erotismo homossexual, amplamente difundido no helenismo, tenha sido
considerado inofensivo e incluído nessa “liberdade”. A igreja, porém, não deve
se deixar enganar. Qualquer prostituição, e especialmente correr atrás de carne
alheia traz inevitavelmente o castigo do fogo eterno sobre os culpados.
Conclusão
Confiemos em Deus, se de fato foi Ele quem
prometeu, saiba, Ele é fiel para cumprir, Ele é o imutável, Aquele que não muda
jamais. Não permita que o veneno da incredulidade nos contamine, pois se assim
for, o juízo do Eterno será sobre nós, assim como foi sobre aqueles que não
creram no deserto, assim como aqueles que consumiam pecados em Sodoma e Gomorra
e assim como será para os Anjos rebeldes.
FONTE
Werner de Boor
Seu humilde teólogo
Leivison Barros S.
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